Há cerca de sete anos, empresas ponderavam junto a seus departamentos de Marketing se deveriam criar um perfil no Facebook e, no até então mais forte, Twitter. Consideravam, dentre os riscos de se adentrar por esses campos das redes sociais na internet, a abertura de um espaço para serem criticadas publicamente por seus clientes e possíveis concorrentes disfarçados de detratores. E a profecia de uma das mais importantes especialistas no assunto, Charlene Li, se realizou: independente de você estar presente, essa onda estava pronta para varrer tudo – pessoas, empresas, e até gatinhos de estimação teriam sua página na rede de Zuckerberg.
O tempo passou e muita coisa mudou, novos sites de redes sociais surgiram com as mais altas especificidades. O Facebook chegou a ser ultrapassado pelo Pinterest em agilidade de crescimento; o Twitter foi dormir e agora, como um gigante, acorda novamente; empresas têm sido forçadas a migrar seus perfis para fanpages, com muitas restrições ao alcance orgânico, e mais um veículo passa a integrar os planos de mídia e verbas de Marketing e Publicidade.
Como um viral intermitente, os números não param de crescer. Segundo os dados da WebOracle, são:
– 1,15 bilhões de usuários no Facebook
– 500 milhões de usuários no Twitter
– 500 milhões de usuários no Google+
– 238 milhões de usuários no Linkedin
– 70 milhões de usuários no Pinterest
– 130 milhões de usuários no Instagram
Com isso, as empresas passaram a depositar mais confiança nessas mídias e a investir em Marketing de Conteúdo para seus sites, que andavam parados e sem muitas novidades. Mas, não porque as empresas não tinham o que contar, e sim porque o site já estava obsoleto, precisando de uma nova plataforma que lhes permitissem atualizá-lo fácil e rapidamente. Falo de um período de sete anos. Mas, uma coisa não mudou dentro das empresas, e é disso que eu venho tratar com você: o medo da liberdade do colaborador ao usar a internet e, mais precisamente, as redes sociais dentro e fora da empresa. Dentro da empresa porque a dispersão é grande, e fora porque sua imagem está aliada à da empresa.
Como lidar com o sigilo corporativo e com o tempo gasto em redes sociais?
No final de março, uma notícia circulou pelas redes sociais: um empresário que queria contratar uma vendedora sem Whatsapp. Hoje é quase impossível trabalhar sem estar conectado à internet, mas será que nossos colaboradores estão preparados para estarem conectados no trabalho? A resposta é: depende de você. A política do uso das redes sociais deve ser explícita, sim, mas não precisa ser um tratado de censura. Afinal, sua fanpage corporativa pode contar, logo de início, com grandes entusiastas que defenderão sua marca e responderão às dúvidas de seus clientes e prospects – sim, seus próprios colaboradores são a chave para uma boa presença e interação nas redes sociais.
– Isso nunca dará certo! Eu nunca vi nenhuma empresa fazer isso e funcionar.
Aí é que você se engana. Lembra-se da eleição presidencial norte-americana, em 2008? Sim, estamos falando de sete anos atrás. Na campanha de Barak Obama, múltiplas mídias, incluindo o YouTube, foram utilizadas para divulgar seu plano de governo. A ideia era garantir que o maior número de pessoas estivesse alinhado não apenas com o objetivo da campanha (eleger Obama presidente), mas também, e principalmente, com os valores e missão subjacentes a ela. Convenhamos, Obama era um candidato relativamente desconhecido. Por isso, a equipe entendeu ser necessário apresentá-lo ao povo norte-americano e conquistá-lo com a abertura de seu “plano mestre”, desde a importância de se vencer no Estado de Iowa até o orçamento milionário detalhado que seria investido na Flórida, caso vencesse as eleições. Assim, a equipe de Obama teve o papel transformador entre os antigos observadores silenciosos da política em indivíduos, tornando-os indivíduos mobilizados a disseminar o conteúdo da campanha, cada um a seu próprio modo. Abriu-se o diálogo entre equipe e eleitor – ou entre equipe e cliente.
“Quando fazemos um bom trabalho ensinando nossos valores e missão para as pessoas que estão na base da organização, ao entregarmos o controle em suas mãos, elas realmente farão o que deve ser feito”, defende Michael Slaby, diretor de tecnologia da campanha de Obama.
As empresas costumam dizer aos seus colaboradores o que devem fazer, da mesma forma que transmitem aos clientes mensagens com foco em ações específicas. Essas relações costumam ser impessoais, de curto prazo e transacionais. Que tal, diferente disso, passar a atribuir a essas relações de negócios as palavras “fidelidade”, “paixão” e “compromisso”? Depende de você.